Profissionais se tornam Facilitadores de Círculos de Construção de Paz
Na última semana os profissionais da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) participaram da Formação de Facilitadores de Círculos de Construção de Paz, de Justiça Restaurativa no âmbito escolar, realizado pelo Ministério Público e mediado pelas instrutoras Carmen Lúcia Spalding, Denise Scheid Huppes e Tânia Fröhlich Rodrigues. A formação foi realizada de terça (5) a sexta-feira (8) no salão de eventos da APAE.
O promotor da infância e juventude de Lajeado, Sérgio da Fonseca Diefenbach, afirma que o universo de alto conhecimento e espaço para transformação é enorme dentro dos círculos, porque as práticas abrem uma janela dentro de um mundo que tem muito conflito, julgamento, confronto e acusação. “O ser humano não é feito somente de pensamentos negativos, mas ele vai se encolhendo e suas emoções mais positivas ficam abafadas. Os espaços permitem que as pessoas se reencontrem em seu aspecto mais bonito, produtivo e emocional da vida. Quando conseguimos trazer as emoções a frente de nossas condutas, naturalmente cansamos menos, estressamos menos e produzimos mais”, conta o promotor.
Conforme o promotor, algumas pessoas trabalham durante anos juntos, convivem oito horas por dia, mas não sabem o que está passando por dentro daquela pessoa que está ao lado. “Esta ausência de conexão, gera um rompimento de afeto e uma dificuldade de felicidade no trabalho. O Círculo permite que a gente crie pequenas rotinas, formas de conversar, ouvir, escutar atentamente o que está no sentimento da outra pessoa. Quando isso ocorre em grupo acontece um fenômeno de união e compreensão daquele grupo”, conta Diefenbach que este é um espaço para se reencontrar, buscar felicidade e prazer naquilo que estão fazendo.
A assistente social, instrutora dos Círculos de Construção em Paz, Tânia Fröhlich Rodrigues, destaca que a formação de Facilitadores da Paz acontece de uma forma vivencial, diferente de qualquer outra formação no formato de círculo, onde a sabedoria é compartilhada. “Vamos instruindo, mostrando passos, estruturas do Círculo de Construção de Paz e então, as pessoas vão estar aprendendo essa metodologia para utilizar nos seus espaços de trabalho”.
Uma semana de grandes aprendizados
Para a servidora do Ministério Público, Carmen Lúcia Spalding, os Círculos de Construção de Paz têm o objetivo de construir relacionamentos saudáveis através do diálogo e da escuta atenta. Ao final dos quatro dias, o grupo relatou que estava sentindo uma conexão muito maior, reconhecendo a humanidade e a história de vida de cada colega. “As conclusões ao encerramento da formação trouxeram sentimentos de empatia, afeto, união, esperança, gratidão e conexão. Penso que o encontro circular trouxe fortalecimento da equipe para o início do ano letivo”, conta. Segundo Carmen, são profissionais dedicados, comprometidos e muito afetuosos que acreditam no potencial de cada aluno. “E agora também são Facilitadores da Paz e estão aptos a inserir os círculos de construção de paz na rotina da escola”.
A professora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Marina Gregory, conta que foi uma experiência única. “Estávamos com muita expectativa. Sei que vou mudar bastante, entender e me colocar mais no lugar dos outros. A formação ajudou muito para minha vida pessoal e iremos trabalhar com os alunos também”, diz a professora ao relembrar o quanto foi importante conhecer a história e olhar cada colega de outra maneira.
Círculos de Construção de Paz
Os Círculos buscam compartilhar sabedoria, fortalecer os relacionamentos e de uma forma organizada, com o objeto da palavra, criam o poder da escuta e da fala, fazendo com que as pessoas possam falar e ouvir, contribuindo para um melhor diálogo. A pessoa que antes não tinha afinidade, acaba se reconhecendo na fala do outro dentro do Círculo, seja em uma equipe de trabalho, com turma ou famílias, fortalecendo a união e os relacionamentos.